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UM ESTUDO SOBRE A PROFECIA DE ISAÍAS CAPÍTULO 53
A. S.
I. INTRODUÇÃO
A profecia de Isaias 53 é considerada por muitos cristãos a mais importante de todas as profecias. O seu grau de importância chega a tal ponto que a maioria dos missionários cristãos pensa ser possível convencer um Judeu de que Jesus é o Messias apenas pela leitura desta passagem, o que não passa de uma grande ilusão.
Esta profecia é, do princípio ao fim da visão cristã, a que acumula o maior número de erros de interpretação. Mereceu uma tradução defectiva, desviada e muito mais tendenciosa que todas as outras do Tanach. (Para os não acostumados à literatura rabínica, Tanach é a abreviatura, em hebraico, de Torah, Neviim, Chtuvim, ou seja, a Lei, os Profetas e as Escrituras).
Ao lê-la, julgam estar diante da prova cabal de que o Messias teria que morrer e ser flagelado da forma como os seus evangelhos narram a crucificação de Jesus.
Na verdade o que se passa com eles, além de uma mera confusão imaginativa, é que “sentem emocionalmente” ser este fato incontestável.
O povo Judeu sempre soube que a profecia de Is 53 não faz uma só menção ao Messias. Analiticamente, mesmo usando uma tradução cristã, é possível concluir que os Judeus sempre a interpretaram corretamente. Propomos, através deste trabalho, fazer exatamente esta demonstração. Soma-se a isso o fato de que a crença na morte do Messias é claramente contrária a todas as profecias messiânicas da tradição Judaica que mostram que ele aparecerá e terá bom êxito num curto espaço de tempo, especialmente na reunião do povo de Israel – o Povo Judeu – disperso na Diáspora ou Galut. Ele será um homem normal, nascido da união de uma mulher Judia a um homem Judeu o qual é herdeiro direto da coroa real de David, portanto, de sua linhagem. Ele não será D-us. Será um homem cujas atitudes e vivência da Palavra de D-us irá superar toda e qualquer tentativa anterior de perfeição. Ele irá possibilitar que a plenitude dos 613 mandamentos enumerados na Torah seja acessíveis a seu povo. Ele terá em seu poder a persuasão dos povos em relação à Unicidade de D-us e isso estabelecerá a ordem definitiva das relações humanas. Ele saberá como convencer o coração do homem a converter espadas e lanças
Sabemos que é quase impossível convencer um cristão acerca de questões como estas. Galgados em sua “fé cega” – nutrida tão somente pela emoção – não acessam a compreensão do real significado do Tanach e chegam a maldizerem a adoção da lógica como forma de se chegar ao conhecimento da Palavra de D-us. De fato, D-us não é lógico. Mas toda palavra – mesmo a palavra de Deus – está necessariamente sujeita à interpretação humana, e esta é lógica.
Assim, este trabalho dedica-se, primeiro, ao leitor Judeu. Que seja uma defesa às tentativas cada vez mais freqüentes e obstinadas de conversão com que os missionários da religião de Jesus nos têm atacado. Que D-us os proíba e os impeça de alcançar este pernicioso intento.
Aos cristãos em cujas mãos chegar este trabalho, fica aqui meu voto para que sigam atentamente o raciocínio que apontamos. Que D-us lhes permita alcançarem a Luz de Sua Palavra em meio à confusão que sua filosofia de raízes pagãs e exterioridade sagrada mergulhou-os.
Baruch Hashêm. Concluído em Tammuz de 5756 quando líamos a parashat Côrach. Nos dias que antecedem a manifestação do Messias prometido à Casa de Israel. Yehi ratson milefanecha, H”, E-H,vE-H avotêinu, sheyibanê Beit Hamikdásh bimherá veyamêinu. Omên, chên yehi ratson.
A.S.
II. O TEXTO
O texto utilizado neste estudo foi transcrito de “A Bíblia Anotada - The Ryrie Study Bible” - versão Almeida, revista e atualizada na língua portuguesa. Título encontrado na seção selecionada: Profecia de Isaías - O Sofrimento e Triunfo do Servo, 52:13 - 53-12
Texto do Capítulo 52
13: Eis que o meu servo procederá com prudência ; será exaltado e elevado , e será mui sublime.
14: Como pasmaram muitos à vista dele , pois , o seu aspecto estava mui desfigurado , mais do que o de outro qualquer , e a sua aparência mais do que a dos outros filhos dos homens ,
15: assim causará admiração às nações , os reis fecharão as suas bocas por causa dele ; porque, aquilo que não lhes foi anunciado verão , e aquilo que não ouviram entenderão .
Texto do Capítulo 53
1: Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?
2: Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse.
3: Era desprezado, e o mais rejeitado dos homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.
4: Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades , e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de D-us, e oprimido .
5: Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados .
6: Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele as iniqüidades de nós todos .
7: Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca;como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha, muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca.
8: Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem quem dela cogitou? porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo foi ele ferido.
9: Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca.
10: Todavia ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos.
11: Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito; o meu servo, o justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si.
12: Por isso eu lhe darei muitos como a sua parte e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores, contudo , levou sobre si os pecados de muitos, e pelos transgressores intercedeu.
III. ANÁLISE
Como muitas pessoas sabem, as divisões em capítulos e versículos que hoje aparecem nas traduções do Tanach não existiam no original. Elas foram criadas como forma de sistematização pela Igreja e não se baseiam nas antigas divisões seccionais.
Nos Manuscritos do Mar Morto, o rolo de Isaías – que está agora em Jerusalém – não apresenta a divisão no versículo 1 do capítulo 53, mas no versículo 13 do capítulo 52. Isso indica que 52:13 é o ponto inicial desta profecia. Esta é, de fato, a divisão adotada até os dias de hoje pelo Judaísmo. Assim, nesta profecia, como em muitas outras, a divisão dos capítulos não indica a divisão original.
Para iniciarmos a análise que busca a compreensão deste texto cabe que se faça uma simples pergunta. Quem está falando? Isso mesmo, quem o profere? Quem verbaliza as palavras nesta profecia? Não “a respeito de quem” o texto fala, mas “quem é o orador” ?
Se você não sabe quem é o orador da profecia, não poderá compreender o que, na verdade, ela significa. É um princípio básico do qual o mais principiante pesquisador das escrituras lançaria mão: para realmente entender as palavras do profeta, deve-se saber quem é o orador na passagem específica.
Muito bem, vamos à primeira tentativa: pode-se afirmar que o orador é D-us? Não , não pode ser. Por quê? D-us teria as transgressões mencionadas nos versos?
Segunda tentativa: é o profeta Isaías que fala? Também não. A pessoa que está falando nos versos 1-9 está usando o plural. Não se confunda neste ponto. O fato de ser o Livro de Isaías não significa que seja ele quem fala todo o tempo.
Então leia novamente todo texto em análise observando quem são os oradores de cada trecho. Tente descobrir quem está falando. Observe que há mudança de oradores ao longo da leitura da passagem. Novamente devemos lembrar que isso é fundamental para que você entenda a profecia, pois, quando ao sabermos “quem” está falando, entenderemos, em seguida, “a respeito de quem” se está falando.
Você observou que o orador de 52:13 não é o mesmo orador de 53:1?
Você notou a mudança do singular de 52:13 para o plural de 53:1? Você notou que os versos 10 , 11 e 12 não são falados pela mesma pessoa de 1-9?
Voltemos à questão inicial: quem é orador?
Bem, como nós o acharemos? Simples, nós temos que checar as idéias apresentadas ao longo de todo o texto que analisamos e ver onde elas aparecem em outros versos no Tanach. Naturalmente, se elas estão nos capítulos mais próximos desta passagem, no livro de Isaias, elas serão mais significativas para nossa análise. Se as mesmas idéias existem em outros lugares, elas nos darão a resposta.
Uma chave para descobrirmos o orador pode estar no que está sendo dito por este orador.
A primeira coisa que observamos desde o início é que um dos oradores é claramente muito sentimental, emotivo. Ele está em estado de visível perturbação ou perplexidade, confusão, espanto. Observe 52:15 e 53:1. O verso 15 está falando de alguém que ouviu coisas que o tirou fora de si, algo que nunca tinha imaginado. Há confusão e embaraço na narrativa. Fala-se de alguém que cobre a sua boca em espanto e pergunta : “O que está acontecendo aqui?”. Assustado , o orador de 53:1 – que é aquele de quem se fala em 52:14 e 15 – indaga: “Quem teria acreditado nisso?”
Quem é este orador de 53:1? Mais especificamente: quem estará confuso e levando suas mãos sobre a boca em sinal de espanto quando o Messias finalmente chegar? Busquemos algumas passagens do Tanach para tentarmos uma resposta:
Miquéias 7,15-16.
15: Eu lhe mostrarei maravilhas , como nos dias da tua saída da terra do Egito.
16: As nações verão isso e se envergonharão de todo o seu poder ; porão a mão sobre a boca, e os seus ouvidos ficarão surdos .
Quem está perplexo? Quem cobre sua boca com espanto? Resposta: as nações da Terra.
Isaías 41:11:
“Eis que envergonhados e confundidos serão todos os que estão indignados contra ti ; serão reduzidos a nada , e os que contendem contigo perecerão” .
Quem está confuso? Quem está envergonhado? As nações da Terra. Sim, as nações, os gentios (goyim). Mais especificamente: os seus líderes. Estes são o locutor deste trecho. Eles estão vendo algo que jamais imaginaram antes. Algo que extrapola suas perspectivas, suplanta toda a linha lógica que adotavam até este momento.
Para entender melhor, consideremos o que se passa.
Esta profecia – Isaías capítulo 53 – refere-se a um tempo posterior à vinda do Messias. As nações estão vendo que ele, o Messias, não é aquele que elas pensavam que fosse. Veja Jeremias 16:19-20 para saber como as nações compreenderão os seus próprios erros:
19: Ó Senhor, força minha e fortaleza minha, refúgio meu no dia da angústia, a Ti virão as nações desde os fins da terra, e dirão: Nossos pais herdaram só mentiras e coisas vãs em que não há proveito.
20: Acaso fará o homem para si deuses que de fato não são deuses?
As nações estão em estado de assombro. Quem poderia acreditar que este povo desprezado e odiado, os Judeus, estavam certos? Como poderia tal coisa ter-se sucedido? Por todos estes anos elas estavam tão convencidas de estarem certas!
Mas você poderá perguntar: de que forma você pode concluir que é de Israel que o verso está falando? Como você sabe que as nações estão assombradas com o que D-us fez para Israel e não a Jesus?
Bem, isso é tranqüilamente simples de se concluir. Se você quer saber “a respeito de quem” um determinado livro está falando, onde você faz esta busca? No próprio livro, não é lógico?
A princípio sabe-se que Isaías 53 não mostra especificamente de quem ele fala. O texto não mostra quem é o personagem principal. É um tanto obscuro. É certo, sim, que o Messias não é mencionado, mas por outro lado, Israel também não.
No entanto, há uma pista. Vamos examinar o primeiro versículo. Podemos ver claramente que primeiro é D-us quem está falando. Ele é o locutor de Is 52:13-15. Confira Is 52:13.
No versículo 52:13 e novamente no 53:11 o sujeito central de referência é chamado “meu Servo”.
Agora , responda: quem é o Servo? Vejamos as próprias palavras do profeta. A quem Isaías chama “O Servo de D-us”?
Vejamos Is. 41:8-9
8: Mas tu, Ó ISRAEL, servo meu, tu, Jacob, a quem elegi, descendente de Abraham, meu amigo,
9: Tu a quem tomei das extremidades da terra e chamei dos seus cantos mais remotos, e a quem disse: tu és o meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei.
Israel é o Servo de D-us !!!
Caso você não se convença disso, observe a repetição vez após outra em Isaías desde o capítulo 40. Confira 43:10 ; 44:1-2 ; 44:21 ; 45:4 ; 48:20 ; 49:3. O servo, aqui em Isaías, significa ISRAEL.
De fato. É plenamente conhecido que a passagem de Is 53 é denominada: “O Quarto Cântico do Servo”. Estas são canções de ânimo e conforto para Israel, servo de D-us, em seu exílio. Portanto , no Tanach Israel é chamado “Servo de D-us”.
Mas você poderá perguntar: “Como isso é possível? A passagem está no singular e não no plural. Como se referir a Israel no singular?”. Como veremos mais adiante, os versículos 8 e 9 estão no plural, e esta é uma das questões mais complexas desta passagem, pois, é onde concentra-se o pivô de uma tradução forçada e tendenciosa. De qualquer forma, para que não fique qualquer dúvida ou pendência, observe o enfoque abaixo.
Veja Is 43:10. :
“Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, o meu servo a quem escolhi; para que o saibais e me creiais e entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou , e depois de mim nenhum haverá” .
Nesta passagem vemos que Isaias refere-se às testemunhas – plural – como sendo seu servo – singular – ou seja: Israel. Ambos – singular e plural – no mesmo verso. Anote isso!
Na passagem imediatamente anterior a Is 53, isto é, Is 52:1-2 e imediatamente posterior a Is 53 , isto é : Is 54:1, Israel é mencionado no singular. A verdade é que na maior parte das vezes o Tanach faz menção de Israel no singular. Muito mais no singular do que no plural.
Veja os Dez Mandamentos em Êxodo 20. D-us fala a Israel no singular. Isso não se constitui problema de forma alguma .
Passemos a mais uma faceta de nossa análise antes de nos determos na questão da tradução.
Leia agora : Is 52:14. Considere agora a transcrição abaixo:
"O cientista Charles Darwin disse em 1859 que o homem é descendente do macaco. Se isso é correto ou não, não desejamos ora decidir. Talvez o leitor queira comparar as características de um macaco do Zoológico e a face de um velho negociante judeu de um gueto de Nova Iorque, com seus trajes e características próprias , e tirar suas conclusões” .
O texto acima foi publicado na ‘Der Stürmer”, Alemanha, em 29 de Dezembro de 1942, com fotos.
Leia novamente Is 52:14.
O que o profeta fala não está muito claro?
Que tal isso: em outubro de
Em Is 52:15 entendemos que muitas nações, reis, calarão suas bocas por causa de Israel, pois “aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que não ouviram, entenderão”.
Se você ler novamente o texto de Miquéias 7:14-15 entenderá suficientemente tudo o que expusemos até aqui. Is 52:15 conclui as palavras de D-us a respeito das nações da Terra frente a seu Servo Israel.
No versículo seguinte, Is 53:1, o orador passa para o plural. As nações começam a falar. O que significa neste versículo a expressão: “O braço do Senhor”? Se você examinar as escrituras verá que esta expressão refere-se sempre à grande salvação ou vitória para o Povo Judeu. Veja Is 52:9-12, ou seja, o texto imediatamente anterior à passagem que estamos analisando como introdutório a Is 53. Reproduziremos os dois primeiros versículos :
9: Rompei em júbilo , exultai à uma, ó ruínas de Jerusalém; por que o Senhor consolou seu povo , remiu a Jerusalém .
10: O Senhor desnudou o seu santo braço à vista de todas as nações; e todos os confins da terra verão a salvação do nosso D-us.
11: Retirai-vos, retirai-vos, saí de lá, não toqueis cousa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que levais os utensílios do Senhor.
O que é “o braço do Senhor”? O profeta fala da Redenção de Israel do Exílio. Quem está vendo esta redenção? As nações da Terra. Dois versos adiante inicia-se com: “Eis que o meu servo prosperará...”
O “braço do Senhor” sempre se refere à redenção de Israel dos problemas físicos. Veja também Êxodo 14:31, 15:6 e Deuteronômio 7:19 como outros exemplos.
Nos versículos que estamos analisando agora, vemos a reação das nações. D-us redimiu seu povo do exílio e as nações estão chocadas além de suas crenças. Encontram-se frente a algo com que não sabem lidar ou mesmo se comportar. Todos estão desconcertados.
Leia agora Is 53:2. Quem é que germina como uma árvore na terra seca onde nunca se esperava que tal coisa acontecesse ?
Resposta: Israel. Leia Oséias 14:6-7.
6: Estender-se-ão os seus ramos, o seu esplendor será como o da oliveira, e sua fragrância como a do Líbano
7: Os que se assentam de novo à sua sombra voltarão; serão vivificados como o cereal, e florescerão como a vide; a sua fama será como a do vinho do Líbano .
Mas o que têm dito as nações sobre Israel enquanto encontra-se no exílio?
Voltaire disse :
“É o povo mais imbecil sobre a face da Terra, mais obtuso, cruel e absurdo, repugnante e abominável” .
Como o profeta diz: “não tinha aparência nem formosura”.
Immanuel Kant disse :
“A eutanásia do judaísmo somente pode ser alcançada por meio de uma religião pura e moral, e o abandono de todos as suas regras legais”
Novamente as palavras do profeta : “não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse”.
São Gregório de Nice referiu-se aos judeus como:
“Odiados pela graça , inimigos dos pais de sua religião, advogados do diabo, ninho de víboras, caluniosos, zombeteiros, homens de mentes obscurecidas, vindos dos Fariseus, congregação de demônios, pecadores, apedrejadores e inimigos da bondade”.
Como o profeta disse : “não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse” .
Esse é o testemunho das nações : “Quem creu em nossa pregação?”
Leia Is 53:3. Responda agora: quem é aquele que tem sido envergonhado e desprezado?
Texto de Is 54:4-17, destaquemos alguns versículos:
4: Não temas, porque não serás envergonhada; não te envergonhes, porque não sofrerás humilhação; pois te esquecerás da vergonha da tua mocidade e não mais te lembrarás do opróbrio da tua viuvez.
6:Porque o Senhor te chamou como a mulher desamparada e de espírito abatido; como a mulher da mocidade, que fora repudiada, diz o teu D-us .
11: Ó tu, aflita, arrojada com a tormenta e desconsolada! Eis que eu assentarei as tuas pedras com argamassa colorida, e te fundarei sobre safiras.
14: Serás estabelecida em justiça longe da opressão, porque já não temerás, e também do espanto, porque não chegará a ti
17: Toda arma forjada contra ti não prosperará; toda língua que ousar contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e o seu direito que de mim procede, diz o Senhor.
São João Crisóstomo refere-se aos Judeus como:
“Os mais miseráveis de todos os homens. Deboches e embriaguez têm dado a eles os modos de um porco ou de uma cabra gorda. Eles têm ultrapassado a ferocidade das bestas pois, matam seus descendentes e os imolam em culto ao demônio”.
Como disse o profeta “ele era desprezado , e dele não fizemos caso”.
Novamente em Isaías 49:7-15:
7: (Veja Miquéias 7:15-17) Assim diz o Senhor, o Redentor e Santo de Israel, ao que é desprezado, ao aborrecido das nações, ao servo dos tiranos: Os reis o verão , e os príncipes se levantarão; e eles te adorarão por amor ao Senhor, que é fiel , e do Santo de Israel , que te escolheu .
13: Cantai, ó céus, alegra-te, ó terra, e vós, monte, rompei em cânticos, porque o Senhor consolou o seu povo, e dos seus aflitos se compadece .
14: Mas Tsion diz: O Senhor me desamparou, o Senhor se esqueceu de mim .
15: (Veja que linda parábola de D-us). Acaso pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti.
A mãe irá esquecer o bebê que ela gerou? A mais preciosa coisa que ela possui irá esquecer? D-us não esquecerá Israel. Veja também Isaías 60:14-15 e 62: 2-4.
Santo Thomáz de Aquino disse numa carta :
“Seria lícito, de acordo com o costume, oprimir os Judeus em perpétua servidão por causa de seu crime, e a princesa pode enxergar os Judeus como uma propriedade do Estado”.
Como Isaías diz: “o mais rejeitado dos homens,..., ele era desprezado, e dele não fizemos caso”.
Se você perguntar a um cristão e ele for honesto com você: “Por que os Judeus sofrem tanto no seu exílio?” O que ele responderia? Ele diria : “Os Judeus estão sendo punidos por terem rejeitado seu Messias!!!” Esta tem sido a teologia da Igreja desde o princípio, desde a sua origem.
Mas resta, ainda, uma pergunta que deveria ser feita. Observe este interessante fato histórico. É verdade que os Judeus foram exilados. Porém, nunca foram banidos da face da Terra a exemplo de nações muito mais poderosas como: a Babilônia , o Egito dos Faraós, o Império Grego, o Romano e outras potências mundiais. Por que os Judeus ainda estão aqui? Eles já deveriam ter sido aniquilados por causa de seus pecados, não é mesmo?
Em resposta a isso, o cristianismo desenvolveu uma tese muito curiosa: a famosa “Doutrina do Povo Testemunha”. Esclarecendo: a existência de Israel e sua subserviência aos cristãos funcionaria como uma “prova” da veracidade do cristianismo.
A frase de Thomáz de Aquino supra demonstra ser este um dos fundamentos pelos quais os Judeus várias vezes foram tomados como “servos ou propriedade do estado”. Tiveram seus bens confiscados pela coroa de várias nações, pagaram impostos extraordinários, tudo em nome de seu “crime cometido na crucificação”. Por esta acusação todas as perseguições foram justificadas.
Mas agora, no tempo da realização da profecia de Isaías, ao revelar-se o Messias – e ele não é Jesus, mas um descendente real da Casa de David, filho de um pai pertencente a esta linhagem e herdeiro da coroa – o povo Judeu retorna ao seu reino.
Enquanto isso acontece, todas as nações vêem que os Judeus estavam certos ao rejeitarem Jesus, o falso Messias. O que dizem sobre suas históricas perseguições aos Judeus e todas as suas motivações? O que dirão sobre todo o sofrimento que causaram a Israel? Para responder a estas perguntas, consideremos o seguinte: Jesus não sendo o Messias, como serão denominadas as atitudes e iniciativas que as nações adotaram contra Israel? Resposta: “pecados”. Pecados? Sim. Pecados!
O que irá acontecer é que as nações sofrerão um terrível choque diante do fato de que em todos esses anos os Judeus sofreram por causa do pecado que elas mesmas cometiam.
Consulte Gênesis 31:36. Depois que Laban perseguiu Jacob este lhe pergunta :
“Qual é a minha transgressão? Qual é o meu pecado por que tão furiosamente me tens perseguido?”
As nações estão em vias de dizer: “Nós pecamos contra Israel por termos perseguido seus filhos todos esses anos”.
O que você acha disso :
“Agora vemos que por muitos, muitos séculos de cegueira nossos olhos estiveram impedidos de enxergar que, em pouco tempo veremos a formosura do Teu Povo Escolhido e não demorará a que vejamos em suas faces as características de nosso irmão primogênito. Nós reconheceremos, enfim, que nossas frontes é que estão marcadas com o Sinal de Cain”
Você é capaz de identificar o autor deste pronunciamento? Papa João XXIII. Não outro. Ele fala do “Sinal de Cain”.
Os Judeus têm carregado o pecado das nações por todos estes anos de exílio.
Vejamos agora Isaías 53:4-5 e
6: Portanto, profetiza contra a terra de Israel, e dize aos montes e aos outeiros, às correntes e aos vales: Assim diz o Senhor D-us: Eis que falei no meu zelo e no meu furor, porque levastes sobre vós o opróbrio das nações .
7: Portanto, assim diz o Senhor D-us: Levantando eu a minha mão, jurei que as nações que estão ao redor de vós levem o seu opróbrio sobre si mesmas .
15: Não te permitirei jamais que ouças a ignomínia dos gentios; não mais levarás sobre ti o opróbrio dos povos, nem mais farás tropeçar o teu povo, diz o Senhor D-us.
As nações irão admitir seu pecado.
Mas vejamos o que as nações fizeram contra Israel. Saiba o que é dito sobre os Judeus no Al Koran, a obra central do islamismo :
“...e humilhação e infortúnio estão estampados neles. Eles foram visitados pela cólera de Allah. Isso aconteceu por que não crêem nas revelações de Allah e desprezaram erroneamente o seu profeta (Mohamed). Foi por causa de sua desobediência e transgressão”.
E Isaías diz : “nós o reputávamos por aflito , ferido de D-us e oprimido” .
Martin Luther – o pai da reforma protestante – disse:
“O que faremos com este povo rejeitado e condenado, os Judeus?”
Seu programa de sugestões incluía coisas que, além de terem sido realizadas na época, inspiraram outros que viveram também no mesmo lugar onde, há poucos séculos, viveu Luther:
“...queimar sinagogas e casas, confiscar livros Sagrados Judaicos, proibir rabinos de ensinar, viajar ou qualquer Judeu de dar dinheiro a juros, submetê-los a trabalhos forçados e expulsá-los de países cristãos” .
O que diz a profecia de Isaías: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades... ele foi traspassado pelas nossas transgressões, moído pelas nossas iniqüidades...” .
No início do ano de 1944 quando as deportações da Eslováquia para Auschwitz cresciam cada vez mais, o Rabi Weismandel procurou o Núncio Papal em um domingo e pediu-lhe para intervir junto ao Presidente Tiso – que além de presidente era sacerdote católico. O Núncio respondeu ao Rabino :
“Hoje é domingo , um dia santo para nós. Nem eu nem o padre Tiso nos ocupamos com assuntos profanos neste dia”.
Quando o Rabino lembrou-o de que mulheres e crianças inocentes estavam sendo mandadas para Auschwitz e que lá, certamente, morreriam, o representante da igreja católica respondeu-lhe :
“Não existe sangue inocente de crianças Judias no mundo. Todo sangue Judeu é culpado. Vocês têm que morrer. Esta é uma punição que estava sendo aguardada por causa do pecado da morte de Jesus”.
“Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões...o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós”.
Leia agora: Isaías 53:6-7 .
Nós já lemos em Jeremias 16:19 como as nações irão admitir que elas têm caminhado sobre um falso caminho.
Nos Salmos 44:12.22, lemos
12: Vendes por um nada o teu povo e nada lucras com o seu preço
22: Mas, por amor de ti, somos entregues à morte continuamente, somos considerados como ovelhas para o matadouro.
Vejamos o texto de Isaías 53:8 em hebraico transliterado para letras latinas :
“Meotzêr umimishpát luqách veêt-dorô mi yishochêach ki nigzar meêretz cháyim mipêshaa aami negáa lamô” .
A tradução que estamos utilizando neste trabalho diz :
“Por juízo opressor foi ele arrebatado e de sua descendência quem dela cogitou ? Porquanto ele foi cortado da terra dos viventes (em hebraico a expressão é : da terra dos vivos), por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido” (em hebraico literalmente: ‘feriram-lhes’, isto é, “lamô” , correspondente ao pronome no caso oblíquo da 3a. pessoa do plural : lhes , para eles) .
Antes de explicar isso , deixe-me mostrar o grave erro de tradução que existe aqui. A palavra hebraica do texto em questão é : “lamô”. Em outras citações no Tanach em que esta palavra aparece os tradutores traduziram corretamente como : ‘lhes’ ou ‘para eles’. Confira, por exemplo, Is 16:4 :
“Habitem entre ti os desterrados de Moabe, serve-LHES de esconderijo...”.
O interessante é observar que na gramática hebraica não existe uma única exceção onde uma preposição no plural seja usada com sentido de singular. Isso demonstra que a tradução, neste trecho de Isaías, foi feita com o intuito de distorcer o sentido primeiro, original e verdadeiro, que, de forma adaptada ao sentido da língua portuguesa, finalizaria o versículo dizendo :
“... por causa da transgressão do meu povo, foram eles feridos”
...o que seria um sério problema para relacioná-lo a um só homem, no caso Jesus.
Outro ponto de destaque: o versículo acima usa a expressão “terra dos viventes”. Em hebraico a expressão é “êretz cháyim”. Isto sempre se refere à terra de Israel. A expressão “cortado da terra dos viventes” é uma menção clara ao exílio de Israel de sua terra para países estrangeiros.
Veja Ez 32:23-27 onde o profeta descreve a punição daqueles que aterrorizaram Israel. Ele chama a terra de Israel de “terra dos viventes”. O versículo de Isaías que ora analisamos indica – sem qualquer sombra de dúvida – que o povo Judeu estaria sendo mandado para o exílio, como todos sabem.
Isaías 53: 9 :
“Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte”
Vejamos a transliteração do texto para melhor entendermos :
“Vayitên eth-resháyim qivrô veêth aashir bemotáv aal lô chamás aasá velô mirmá befiv “ .
Em hebraico : “bemotáv”, isto é, “nas suas mortes”, outra vez no plural. O singular seria : “bemotô” , “em sua morte”. Procure entender estes argumentos. Mesmo que você não conheça o hebraico fica fácil constatar que há uma tradução forçada no português. Com isso, o sentido do texto fica totalmente alterado. Veja como isso é grave. Os tradutores usaram singular onde há plural em hebraico.
Esta profecia tem paralelo em Sofonias 3:12-20. Confira .
Vejamos de Isaías 53:10 a transliteração hebraica :
“Vehashêm chafêtz dakô hechêli im tassim ashám nafshô yir’ê záraa yaarích yamím vechêfetz Hashêm beyadô yitzlách “
A tradução portuguesa reza:
“Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade (em hebraico “záraa”) e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará em suas mãos”.
Vamos com muita calma nesta etapa da análise.
Em hebraico “im” significa “se” – condição, correspondente ao “if” , em inglês – e não “quando”, como consta na tradução.
Novamente estamos diante de uma alteração forçada que modifica totalmente o sentido conclusivo do texto.
Faça, agora, a leitura do versículo acima usando “se” ao invés de “quando”. Constate você mesmo a diferença.
Passemos, agora, ao versículo 10. Notamos aí um outro locutor novamente. O profeta prossegue falando da proposta do exílio. Tudo foi feito para que Israel tivesse acesso ao seu prêmio. As promessas que aqui constam são uma confirmação das promessas da Torah em Deuteronômio (Devarim) 30:19-20:
19: Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição: escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência
20: Amando ao Senhor teu D-us, dando ouvidos à sua voz, e apegando-te a ele; pois disto depende a tua vida e a tua longevidade; para que habites na terra que o Senhor, sob juramento, prometeu dar a teus pais , Abraham , Isaac e Jacob.
Voltando ao versículo 10 de Isaías 53 vemos novamente como não pode ser real o clamor dos cristãos em torno de ser Jesus o Messias.
Primeiro, é dito “se” der ele sua alma. Será que eles conseguem entender que aqui há apenas a colocação de algo condicional e que talvez isso nunca pudesse ter acontecido? Jesus poderia fazer algo além daquilo que D-us quisesse fazer? Seria isso possível?
Segundo – e mais importante – a profecia se refere à “posteridade”, isto é: “filhos físicos”, “descendentes carnais”, resultantes da união de um homem a uma mulher. Segundo os evangelhos, Jesus não teve filhos.
Muitos cristãos argumentam que “posteridade” refere-se a discípulos e não a filhos físicos. Novamente não é este o caso
A palavra hebraica “záraa” – literalmente “semente” – sempre se refere a filhos físicos. Já a palavra hebraica “banim” – plural de “ben” , filho – se refere a discípulos ou seguidores.
É o Tanach que oferece as provas perfeitas disso. Analisemos mais este caso.
Tomemos a história de Abraham, o primeiro dos patriarcas hebreu. Por longo tempo ele não teve filhos. D-us veio a ele e disse que iria dar-lhe uma recompensa. De forma bastante livre podemos resumir a reação de Abraham como tendo alegado a D-us que aquela recompensa não teria graça alguma já que não tinha filhos a quem pudesse legá-la como herança. Acabaria sendo um presente a ser deixado ao rapaz que o servia como cabeça em sua casa, cujo nome era Eliézer. Veja o texto de Gênesis 15:2-4 :
2: Respondeu Abrão : Senhor D-us, que me haverás de dar, se continuo sem filhos, e o herdeiro (em hebraico: “ben”) da minha casa é o damasceno Eliézer?
3: Disse mais Abrão : A mim não me concedeste descendência (em hebraico: “záraa” – aqui “filhos físicos”), e um servo (“ben”, referindo-se a um seguidor seu, um servo, um discípulo) nascido na minha casa será o meu herdeiro.
Entendendo o contexto: Abraham perguntava qual valor teria para si uma recompensa se ele não possuía “záraa”, isto é, “filhos físicos”. Tudo o que ele tinha era apenas um “ben” , isto é, um seguidor, um discípulo, um servo de sua casa, como herdeiro.
Continuemos com o versículo 4:
4: A isto respondeu logo o Senhor, dizendo: Não será esse o teu herdeiro; mas aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro ."
O que D-us respondeu foi: não o “ben”, o servo de sua casa, seu seguidor, mas um filho físico real, um “záraa” seria o seu herdeiro.
Fica claríssimo que “záraa” significa “filho físico”. Diante disso, se o profeta quisesse dizer “discípulo”, ele teria usado a palavra “ben” exatamente como usado em outras passagens do Tanach. Não haveria qualquer restrição gramatical para isso. Ou seja: Isaías referiu-se exatamente a “filhos físicos”.
Passemos agora para Isaías 53:11-12. Aqui nós vemos que D-us retoma o papel de locutor. Volta a falar de Seu servo e recompensa que este terá. A respeito do servo muito já consideramos anteriormente. Acrescentemos, portanto, o que apenas concerne ao versículo e que ainda não comentamos.
Primeiro: A proposta de Israel no mundo é difundir a justiça. Is 60:3:
“E as nações andarão na tua luz e os reis , pelo brilho de teu esplendor”.
Confira Is 42:6 e 49:6. Veja também Zacharias 8:13 e 23:
13: E há de acontecer, ó casa de Judá, e ó casa de Israel, que, assim como fostes maldição entre as nações, assim vos salvarei, e sereis bênção; não temais, sejam fortes as vossas mãos.
23: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Naquele dia sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um Judeu, e lhe dirão: Iremos convosco, porque temos ouvido que D-us está convosco.
A mesma idéia está em Is 2:2-5 e em várias outras passagens.
Voltemos a Isaías 53:11 , o que significa : “por que as iniqüidades deles levará sobre si” ?
Examine Is 61:6-9:
6:Mas vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso D-us..."
Isto não se parece com Ex 19:5-6 :
"Mas vós sereis um reino de sacerdotes" ?
Pois bem. Se os Judeus são os sacerdotes, quem são os leigos deste serviço sacerdotal? Resposta: as nações gentílicas que se juntarão aos Judeus na adoração ao D-us verdadeiro em um culto de adoração ao D-us único.
Leia Números 18:1. O que está sendo falado a respeito dos sacerdotes?
“...levareis sobre vós a iniqüidade relativamente ao santuário...”.
Esta é a lei do sacerdócio: carregar a iniqüidade.
A idéia de interceder pelas nações aparece abertamente na profecia de Jeremias 29:7 :
“Procurai a paz da cidade, para onde vos desterrei, e orai por ela ao Senhor; por que na sua paz vós tereis paz”.
Uma clara indicação de que Israel intercede pelas nações enquanto está no exílio. De fato, há uma prece dita em todas as sinagogas pelo bem estar dos governos de toda a Terra e em especial nos serviços de Rosh Hashaná e Yom Kippur.
O estranho a respeito da profecia do capítulo 53 de Isaías é o último verso, o de número 12. Aqui o profeta fala sobre repartir despojos. O que são estes despojos?
Isto novamente é algo que não se aplica a Jesus. Ele disse que seus seguidores deveriam distribuir suas riquezas. A palavra hebraica “shalal”, utilizada neste versículo, significa “riqueza física”, “riqueza monetária”. Em qualquer circunstância que é empregada, tem este exato significado e nenhum outro.
A que, então, se refere o versículo 12?
É uma promessa que D-us fez ao Seu povo com respeito ao que irá acontecer no fim dos dias, após a guerra bíblica de Gog e Magog.
Zacarias 14:14 diz :
“Também Judá pelejará em Jerusalém; e se ajuntarão as riquezas de todas as nações circunvizinhas, ouro e prata e vestes em grande abundância”.
O que vai acontecer a esta riqueza que foi ajuntada em volta de Jerusalém? Quem responde é Ezequiel 39:10 :
“Não trarão lenha do campo, nem a cortarão dos bosques, mas com as armas acenderão fogo; saquearão os que saquearam, e despojarão os que despojaram, diz o Senhor D-us”.
Toda a riqueza que foi despojada do povo Judeu por todas as nações – todas as taxas especiais, impostos exclusivos, todas as casas, terras, dinheiro, ouro, jóias, dentes de ouro, armações de óculos, obras de arte, tudo, tudo, tudo será reembolsado. Este é o despojo do versículo 12 de Isaías 53.
Novamente nada a ver com Jesus.
IV . CONSIDERAÇÕES FINAIS
Agora que terminei a explanação das passagens, há ainda duas questões que normalmente são feitas pelos cristãos e que merecem nossa cuidadosa análise:
QUESTÃO 1: “O.K ! Tudo o que foi dito está bom, bonito, mas tudo isso não parte da autêntica e tradicional explicação dos Judeus? Isso tudo foi formulado pelo exegeta Rabi Shimon Bar Isaac – o Rashi – por volta do século XI? Se sim, não seria importante buscar o pensamento dos Judeus anteriormente a Rashi? Tinham eles o mesmo enfoque? Viam na passagem de Is 53 uma menção clara a Israel?”
RESPOSTA: O Zohar, em Êxodo, e o Midrash Rabá, em Números, ambos exemplos da literatura rabínica mais antiga, atestam que Is. 53 se refere a Israel.
Há antigas referências cristãs a este capítulo. Uma das principais encontra-se em Orígenes, do século II, a qual cita que os Judeus mais antigos entendiam que Is 53 refere-se ao povo Judeu e seus sofrimentos. O texto de Orígenes diz :
“Eu me lembro que uma vez, numa discussão com alguém da religião dos Judeus, eu usei estas profecias (Is 53). Nisto o Judeu disse que estas profecias referem-se a todo seu povo como se fosse uma pessoa individual...”.
Mesmo Orígenes, no século II, sabia que os judeus entendiam Is 53 como uma referência a Israel.
Mas não precisamos nos deter em um escritor que talvez não seja tão conhecido dos cristãos mais comuns. Podemos nos aprofundar um pouco mais e chegar aos tempos de Jesus. Aí verificaremos que mesmo então não se associava esta profecia ao Messias. Como eu digo.
Veja Mateus 16:16-20. Ali lemos que, de acordo com o Novo Testamento, Pedro entendia corretamente que Jesus era o Messias. Ao constatar isso, Jesus emite a ele uma ordem clara para não revelar isso a ninguém.
Um passo à frente, em Mateus 16:21-22, imediatamente após a passagem citada acima, lemos:
“Mas desde esse tempo , começou Jesus a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto, e ressuscitado no terceiro dia. E Pedro , chamando-o à parte, começou a reprová-lo dizendo: Tem compaixão de ti , senhor , isso de modo algum te acontecerá”
O que está se passando aqui? Se fosse verdade que os Judeus daquela época acreditavam
Conclusão: Pedro, o apóstolo, nunca soube e os Judeus nunca souberam nem imaginaram que Is 53 faz qualquer menção ao Messias, pois a morte nada tem a ver com ele. O critério é claro: “se o candidato a Messias morrer, está comprovado que não é o Messias”. Portanto, já nos tempos de Jesus ninguém associava Is 53 ao Messias.
QUESTÃO 2. Escute aqui , o que você diz é o modo como os Judeus entendem isso. Mas os cristãos interpretam de uma outra maneira. Quem sabe qual dos dois lados está certo? Isso depende de quem é você. Um Judeu diz: “É Israel”. Um cristão dirá: “É Jesus”.
RESPOSTA: Não existe do lado dos pensadores, exegetas e comentaristas Judeus ninguém que tenha cogitado em negar a referência dos Cânticos do Servo, de Isaías, com o Povo Judeu.
Há Bíblias cristãs, por outro lado, que têm sido traduzidas com comentários de origem cristã primitiva. Uma das mais clássicas e conhecidas em língua inglesa é chamada “New English Bible” - Versão para Estudos Avançados , de Oxford , Inglaterra. Nela é possível encontrar um valoroso comentário:
“Is 52:13-53:12. Quarto canto do servo. O sofrimento do servo. Veja Is 42:1-4. Israel, o servo de D-us, sofreu como um único servo. No entanto , o servo suportou sem reclamar por causa de seu sofrimento sacerdotal (sofrer em função de outros ).
52:13-15: Nações e reis ficarão surpresos ao ver o servo exaltado.
53:1 : A multidão , nações pagãs , entre as quais o servo (Israel) viveu , falam aqui (v. 9) dizendo que a humilhação e exaltação de Israel é difícil de acreditar.
53:2: No pensamento tradicional hebreu, o homem bom prospera como uma árvore junto às águas , mas o pecador é como a árvore plantada na terra seca : veja Sl 1 ., etc, etc, etc...”.
E conclui dizendo :
“Israel é o servo sofrido de D-us”
Concluímos aqui, portanto, o que desejávamos demonstrar.